MOFISTA 2 ANOS: ESPECIAL GERALDO VIETRI: O CINEMA DE GERALDO VIETRI E ANÁLISE DE ADULTÉRIO POR AMOR (1978)



Olá mofãs!


Como acompanhamos nos textos anteriores do Festival sobre a vida e a obra de Geraldo Vietri, a televisão e o cinema eram as grandes paixões dele.


Ele que iniciou sua carreira como diretor de filmes em pequenas companhias cinematográficas em 1952 com o drama Conflito e a comédia Custa Pouco a Felicidade, em nenhum momento deixou de lado seu desejo de roteirizar e dirigir seus próprios filmes.




O cinema de Geraldo era bastante precário como ele próprio disse em uma entrevista:

“A gente fazia assim fim de semana, mais como brincadeira que se transformava em filme.”

Para baratear os custos de suas produções o diretor aproveitava o casting da TV Tupi, na maioria das vezes os elencos eram formados por atores que atuavam em suas novelas como Tony Ramos, Aracy Balabanian, Marcos Ponkla, Ana Rosa, Juca de Oliveira, Paulo Figueiredo entre outros.  

Era a saída para a falta de recursos e deficiências técnica. Eles rodavam seus filmes com apenas uma câmera com uma lente e quando era necessário uma lente mais potente era alugada por determinadas horas e para baratear ainda mais as produções a maioria dos seus filmes na década de 60 eram filmados em preto e branco o que dificultava o seu lançamento nos cinemas, pois a preferência do mercado era para as produções coloridas.

É nesse primeiro período que Vietri dirigiu os seguintes títulos: Imitando o Sol (1964) com Laura Cardoso, Quatro Brasileiros em Paris (1965), O Pequeno Mundo de Marcos (1968) que protagonizado pelo seu ator favorito Marcos Ponkla, foi considerado o filme neo-realista do diretor e Os Diabólicos Herdeiros realizado um ano após o sucesso de Nino, o Italianinho e que contou com alguns atores que haviam recém participado na novela. 







Já na década de 70 vale destacar o filme A Primeira Viagem de 1971 onde Aracy Balabanian uma das protagonistas foi todo quase todo rodado em externas, com exceção de uma gravação realizada no apartamento da atriz. Em depoimento ao livro Geraldo Vietri, Disciplina é Liberdade ela falou sobre os bastidores deste filme:



“Foi uma loucura. E eu que sou muito dona de casa e gosto das coisas arrumadas, nunca mais quero saber de cinema e nem televisão na minha casa. Mas nada como ajudar um amigo a realizar seus sonhos e A Primeira Viagem foi assim.”

Quatro anos depois Vietri dirigiu mais seis filmes: Senhora, baseado em José de Alencar (1976), Que Estranha Forma de Amar (1976), que baseado no romance de Machado de Assis: Iaiá Garcia , Tiradentes (O Mártir da Independência) de 1977 e os três filmes que serão analisados nos próximos três textos especiais sobre o Cinema do diretor: Adultério por Amor (1978), Os Imorais (1979) e Sexo, sua Única Arma (1983).







O elenco de todos esses filmes era praticamente formado por sua turma da Tupi, no entanto eram produções mais caprichadas, isso se deve ao fato de Vietri se associar ao produtor e distribuidor Cassiano Esteves da Companhia Cinematográfica. Com isso tanto Senhora, Que Estranha Forma de Amar e Tiradentes foram consideradas super produções para época. Para se ter uma idéia Senhora teve um orçamento de oitocentos mil cruzeiros e cenários luxuosos como o aluguel de uma mansão e confecção de mais de cem trajes de época. 

Sobre a realização os filmes de época Vietri disse:

"Precisamos fixar no cinema, a exemplo da televisão, uma tradição do romance brasileiro, do autor brasileiro, dos nossos clássico. A nossa literatura é um manancial rico e inesgotável de nossos homens, costumes, ideias e ideai, poesias e tradições,cantos e glórias."

No entanto num período onde as salas de cinema estavam lotados de pornochanchadas nacionais, comédias eróticas de baixíssimo orçamento e que arrecadavam milhões de cruzeiros nas bilheterias, Geraldo ia na contramão desses filmes. Sem opção ele cedeu ao apelo do erotismo em sua cinegrafia, porém vale ressaltar que em seus três últimos filmes, o erotismo é apenas uma mera desculpa para apresentar histórias de grande dramaticidade e apelo popular, repletos de reviravoltas e que consegue, por incrível que pareça, quarenta anos depois de sua realização prender o espectador da primeira até a última cena.







Com essa pequena introdução deixo o jornalista, roteirista Wes Vieirah contar suas impressões sobre Adultério por Amor. Agradeço desde já a colaboração do meu amigo querido num texto magnífico e inspirador. Com vocês senhoras e senhores Wes Vieirah:


SURPRESA E PRAZER COM ADULTÉRIO POR AMOR


FILME ESCRITO E DIRIGIDO POR GERALDO VIETRI É UM SUSPENSE PSICÓLOGICO DOS BONS


A convite do amigo Sebastião, ou melhor, o querido Tião, fui assistir ADULTÉRIO POR AMOR, filme de 1979 dirigido e escrito por Geraldo Vietri, profissional que eu desconhecia ter uma carreira fora da televisão. Autor de clássicos da teledramaturgia como “Nino, o italianinho” e “Antonio Maria”, ambas da Tupi, Geraldo não só foi um cineasta, como dos bons. Portanto a incumbência de assistir um dos seus trabalhos foi bastante prazerosa e, digamos, surpreendente.  



Apesar da imagem um pouco precária, o filme nos prende em seus primeiros segundos através dos recortes de imagens que anunciam uma história envolvente e cheia de surpresas que em nada deixa a dever para as grandes produções mundiais. Com uma direção ágil e segura, adentramos para o casamento conturbado de Natália (Selma Egrei) e Guido (Luiz Carlos de Moraes) que vivem uma relação apática e machucada porque, após três anos, não conseguem ter um filho. Essa situação é potencializada durante a festinha de aniversário de um dos filhos de Flora (Jussara Freire) e Jorge (Paulo Figueiredo), casal feliz e amigo.




Quando Natália propõe que adotem uma criança, Guido se nega e tem uma reação ainda mais violenta quando ela sugere que façam exames. É Flora que diante desse caos, convida a amiga pra passar uma semana em Poços de Caldas com ela e as crianças. A ideia é boa e pode ser providencial para salvar o seu casamento. Tanto ela quanto Guido precisam de um tempo. Antes, porém, ela se submete a alguns exames e descobre que com ela está tudo bem. 


Em terras mineiras, Natália flerta com Gustavo (Everton de Castro), um jovem solitário, e após uma troca de conversas, o leva para cama. Se sentindo enojada, imediatamente ela manda o rapaz embora. Arrependida? Muito. Mas era necessário. De volta a São Paulo, ela vê a chama do casamento reacender. Sim, eles se amam e estão dispostos a serem felizes. O tempo que passou longe foi benéfico para o casal. Um dia, não muito distante, descobre que Guido foi ao hospital buscar seus exames e antes que ele veja o resultado, anuncia a gravidez. Feliz, ele rasga todos os papéis. Em casa, Natália respira aliviada. Viva!








Algum tempo depois, já com a barriguinha saliente, em meio aos planos do quarto do bebê, Natália é surpreendida com a visita de Gustavo que descobriu ter sido usado para resolver o problema do casal. E daí em diante, um jogo de tensões se instala em sua vida caminhando para um desfecho ousado e surpreendente. 




Ficou curioso para descobrir esse filme? Aqui embaixo tem um link para baixá-lo e, dessa forma, se surpreender - assim como eu - com esse trabalho valioso do grande e saudoso Vietri. Agradeço ao amigo Tião pelo convite e, também, por me apresentar esta incrível obra.



Wesley Vieira é jornalista formado pela Universidade Presidente Antônio Carlos. Natural de Lafaiete, trabalhou como assessor de imprensa em Sorocaba (SP) e atualmente, além, de atuar como jornalista da Revista Olhaí, também é roteirista e escreve a versão em série de “Selva de Pedra”.

twitter: @wesvieirah

revistaolhai.com.br


E na próxima sexta o olhar de Bruno Heis sobre Os Imorais na continuação do especial sobre o Cinema de Geraldo Vietri.


Clique nos links abaixo para acompanhar os outros terxtos sobre a vida e a obra de Geraldo Vietri:

1 - Mofista 2 Anos: Especial Geraldo Vietri

2 - Mofista 2 Anos: Especial Geraldo Vietri (Parte 2)

3 - Mofista 2 Anos: Especial Geraldo Vietri (Parte 3)


Fontes de pesquisa:


Livro:

Geraldo Vietri : Disciplina é Liberdade. Vilmar Ledesma, Imprensa Oficial, São Paulo, 2010.

Sites:

http://memoria.bn.br/

http://www.bancodeconteudos.gov.br/

Imagens:

http://memoria.bn.br/





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