MOFISTA 2 ANOS: ESPECIAL GERALDO VIETRI

Queridos amigos o Mofista celebra seus dois anos, apesar do aniversário do blog ser em ter ocorrido em janeiro de 2019. Por motivos diversos não tive a chance nem de postar nenhum texto regular e como o meu retorno ao Blogger tenha ocorrido somente este ano, resolvi festejar. Durante todas as sextas de julho relembrarei a vida e obra de Geraldo Vietri e teremos uma análise critica da obra cinematográfica do autor e diretor em dois textos especiais. Então que a viagem pela história da cultura no nosso país seja prazerosa pelas próximas semanas e um brinde ao Mofista! 

Sebastião Uellington Pereira.



PARTE 1

Olá mofãs.

Geraldo Vietri, um dos pioneiros da televisão no Brasil, destacou-se também como um de seus mais notáveis autores e diretores. Neto de imigrantes italianos, nasceu em São Paulo, no dia 27 de agosto de 1927 (apesar de ter dito, em várias entrevistas, que havia nascido três anos mais tarde, em 1930). 

Ainda menino, teve contato com as artes, graças ao seu tio Vicente Landolfi. Proprietário de uma loja de móveis no Brás, ele fornecia mobílias para as companhias teatrais que se apresentavam no Teatro Colombo. Foi ali que Vietri acompanhou o trabalho dos atores, cantores, orquestras e a marcação da iluminação. Deslumbrado com tudo aquilo, ele escrevia pequenos textos, representados por sua irmã e seus primos. 

Como em 1948 ainda não existia a televisão e o cinema estava longe do seu alcance, Vietri decidiu procurar grupos de teatro amador para ver como funcionava. Foi no Grêmio Cultural Jackson Figueiredo que tudo começou. Com o aval do diretor, formou um grupo de teatro, mesmo sem ter a mínima noção de como as coisas funcionavam, e assim montou a primeira peça em dezembro de 1954. Sua estreia como diretor foi com espetáculo Joaninha Buscapé, texto de Luiz Iglesias. 


Para realizar o sonho de ser diretor de cinema, ele fez dois cursos por correspondência, um de Buenos Aires e outro de Hollywood. Sem sucesso nos estúdios Vera Cruz, conseguiu uma oportunidade na Divulgação Cinematográfica Bandeirante, onde iniciou sua carreira como auxiliar de laboratório. Mas foi na Oceania Filmes, de Sérgio Azario, que ele fez sua estreia como diretor nas duas únicas produções da empresa. Primeiro como assistente de direção de Guido Padovani no drama Conflito e depois na comédia Custa Pouco a Felicidade, ambas de 1952.



A fase Tupi: TV de Comédia, novelas ao vivo, Antônio Maria, Nino, o Italianinho e Vitória Bonelli  (1956 - 1978)

Em 1956, Vietri conseguiu um emprego de assistente de montagem na Companhia Maristela e lá fez amizade com Marly Bueno e Machadinho, atores da TV Tupi que filmavam na companhia. Ele comentou com os dois que desejava trabalhar na televisão, e eles o apresentaram a Cassiano Gabus Mendes, diretor artístico da emissora. Cassiano pediu-lhe que escrevesse uma comédia e um drama, e ele entregou dois textos: o drama Vende-se um Passado e a comédia Um Pires de Camargo. Seis meses após apresentados os textos, Cassiano os aprovou e encarregou Vietri de adaptar textos para o Grande Teatro Tupi, prestigiado teleteatro da emissora. Após o sucesso desta apresentação, Cassiano o contratou. 

No seu primeiro ano de Tupi, em que acumulou as funções de autor, produtor e assistente de estúdio, Vietri elaborou com Cassiano a produção de um novo teleteatro. A ideia era alternar o TV de Vanguarda, voltado para as elites, com um teatro mais leve e cômico. Nasceu assim o TV de Comédia, apresentado quinzenalmente aos domingos. 


Como os grandes nomes do elenco da emissora não se mostravam interessados em atuar em programa de comédia, Geraldo apoiou-se em seu elenco de amadores e começou a apostar em novos talentos. Locutores como Amilton Fernandes e Francisco Milani, a bailarina Susana Vieira, e a modelo Geórgia Gomide iniciaram suas carreiras no TV de Comédia. Só depois que o programa estourou, se tornando um dos maiores sucesso da televisão, é que Vietri passou a contar com os grandes nomes da Tupi como Lima Duarte, Laura Cardoso, Marcia Real e Dionísio Azevedo. Aliás, Laura Cardoso encenou o primeiro texto original de Vietri na TV, Vende-se um Passado, que foi ao ar em agosto de 1958. O último TV de Comédia foi exibido em março de 1967, após oito anos de enorme sucesso.



Dionísio Azevedo, que estava na direção de Um Lugar ao Sol, “esquecia” de aparecer nos ensaios com o elenco. Com isso, Vietri acabava assumindo a função de diretor no lugar de Dionísio. Como essa situação se tornou cada vez mais frequente, Cassiano Gabus Mendes o incumbiu de dirigir e escrever a nova produção da casa, o clássico de Tolstoi, Anna Karenina. No ano seguinte, veio a novela O Príncipe e o Plebeu, que apesar de o título remeter à obra de Mark Twain, não tinha nada a ver com o clássico escrito por ele. Noturno (1961), A Estranha Clementine (1962), A Noite Eterna (1962), Sublime Aventura (1963) e Terror nas Trevas (1963) foram produzidas e escritas por Vietri. Em seguida, Moulin Rouge, considerada a última produção de novelas da chamada primeira fase, quando elas não tinham exibições diárias. 














Uma grande reviravolta mudaria os rumos da TV e, consequentemente, os da sua vida. A TV Excelsior lançou a primeira novela diária do Brasil, 2 - 5499 Ocupado, adaptação de Dulce Santucci do original de Alberto Migré e estrelado por Tarcísio Meira e Glória Menezes. Para bater de frente com a produção da concorrente, a Tupi lançou em março de 1964 sua primeira telenovela diária: Alma Cigana, adaptação de Ivani Ribeiro do texto do autor mexicano Manuel Muñoz Rico e que era protagonizada pela atriz Ana Rosa, num papel duplo, o primeiro do gênero. Foi dirigida pelo Vietri, que buscou um padrão melhor de direção para superar a Excelsior.




No final de 1964, Vietri iria dirigir ao todo mais quatro novelas consecutivas, todas adaptações de originais cubanos, mexicanos e argentinos, prática comum da época. Os anos de 1965 e 1966 marcaram pela parceria do diretor com o autor Walter George Durst em cinco produções: Teresa e O Cara Suja, o primeiro encontro de Sérgio Cardoso e Geraldo Vietri, A Outra, Ciúmes e Paixão Proibida, esta última lembrada por ter sido a única aparição de Cacilda Becker numa telenovela.

Próxima sexta: Antonio Maria e Nino, o italianinho e Vitória Bonelli, a consagração definitiva de Geraldo Vietri na Rede Tupi e Vietri na Globo e sua passagem pela TV Bandeirantes.

Fontes de pesquisa:

Livro:
Geraldo Vietri : Disciplina é Liberdade. Vilmar Ledesma, Imprensa Oficial, São Paulo, 2010.

Sites:
www.teledramaturgia.com
http://memoria.bn.br/




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