CLÁSSICOS DO CINEMA EM CASA #1 - FÉRIAS DO BARULHO (Private Resorts, 1985)


#Mofista19 Férias do Barulho,o segundo filme de Johnny Deep.




Olá amigos mofistas.

Inicio uma sessão especial aqui do blog falando sobre filmes que considero “clássicos” tanto do extinto Cinema em Casa, que o SBT exibia primeiramente no horário noturno, sempre às sextas-feiras no horário das 21h30 (quando essa sessão de filmes estreou em 1988, até 1991 quando ela foi transferida pro horário da tarde, desta vez sendo exibida diariamente no horário das 13h30, chegando concorrer diretamente em alguns casos com o Vale a Pena Ver de Novo e a Sessão da Tarde, a sessão de filmes que a Globo exibia quase que no mesmo horário.



A intenção é falar sobre os filmes que além de estarem sumidos da telinha, muito dos filmes que falarei aqui nem deram mais as caras na TV a Cabo, e que por serem exibidos num período que não existia preocupação com classificação indicativa ou Censura, exibiam conteúdos impróprios para serem exibidos no inicio da tarde, aliás, o SBT nunca ligou mesmo para esses detalhes e talvez fosse o grande charme do Cinema em Casa.



Então pegue a pipoca e o refri e vamos relembrar os filmes mais marcantes que com certeza você leitor já assistiu e sente muitas saudades.


Johnny Deep hoje é um ator de respeito, indicado a vários prêmios, incluindo o Oscar e vencedor de um Globo de Ouro. Conhecido pelos seus papéis marcantes como Edward do clássico Edward Mãos de Tesoura de Tim Burton, aliás, Tim Burton foi à parceria mais recorrente de Deep no cinema, tanto que ele estrelou a maioria dos seus filmes. Além de Edward, a dupla fez Ed Wood (1994), A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (1999), a refilmagem de A Fantástica Fábrica de Chocolates (2005), Sweeney Tood (2007) e Alice no País das Maravilhas (2010), além de ter dado vida ao cultuado personagem Capitão Jack Sparrow da série de filmes de sucesso Piratas do Caribe.



O que muitos de vocês não saibam é que o jovem ator iniciou sua carreira por acaso, ao acompanhar um amigo para uma audição pra um filme do diretor Wes Craven, A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, 1984). Como seu amigo não passou, ele por sua beleza jovial acabou chamando atenção da filha de Wes que convenceu o pai a escalar para alguns testes. No fim ele conquistou o papel de Glen Lantz, namorado da protagonista Nancy e que viria morrer numa das cenas mais icônicas do filme, sendo sugado por Freddy Frueger pra dentro de sua cama, onde ele sem querer adormeceu, e de onde sai um volume impressionante de sangue que inunda seu quarto.








Após o sucesso de A Hora do Pesadelo, Deep foi convidado para participar do que viria ser seu segundo filme de sua carreira, uma comédia adolescente que se passaria num hotel, repleta de altas confusões e cheias de cenas de nudez, estou falando de Private Resort, aqui no Brasil batizado de Férias do Barulho (1985).





O filme conta a historia de dois amigos, Jack (Deep) e Ben (o estreante Rob Morow) vão passar um final de semana num resort na Flórida. Os amigos obviamente estão em busca de diversão e sexo, não necessariamente nesta ordem e acabam se metendo em várias confusões.

Apesar da premissa típica de filmes dos Trapalhões, Férias do Barulho não passa de uma comédia que não faz rir, se é que se pode falar assim de um filme onde jovens saem em busca de sexo sem compromisso. Isso é oriundo de um período que o cinema americano apostava em fazer filmes com conteúdos repleto de cenas de sexo, mulheres peladas para garantir um grande público.






Com filmes slashers em alta, onde jovens com hormônios à flor da pele eram mortos por assassinos mascarados, Hollywood percebeu que existia uma mina de ouro nesses filmes, que eram realizados por produtoras independentes, os grandes estúdios demoraram a aceitar a produzir esses tipos de filme, mas depois de filmes como Uma Professora muito Especial (Private Lessons, 1980) produzido pela Universal e Pork’s, produzido pela 20th Century Fox em 1981, bancar esses projetos que contavam particularmente a mesma história, adolescentes em busca do sexo, ou da sua primeira experiência sexual em ambientações e situações diferentes, era certeza de sucesso e de lucro fácil nas bilheterias.






Com o caminho aberto para esse tipo de histórias, e a consolidação do gênero que rendeu pérolas como O Último Americano Virgem (The Last American Virgin, 1982), Picardias Estudantis (Fast Times at Ridgemont High, 1982) produzidos por estúdios famosos e suas cópias baratas feitas por produtoras independentes como Lunch Wagon de 1981 e Garotas da Praia (Beach Girls, 1982), vários títulos foram sendo realizados até sua exaustão, até que a então velha guarda do cinema Hollywoodano redescobriu o conceito de filme feito para família, soterrando esse tipo de comédia em que apenas os adolescentes eram o público alvo e reconquistou essa parte do público com várias produções marcantes como Os Goonies, Curtindo a Vida Adoidado, A Garota de Rosa Shoking, Gatinhas e Gatões, entre outros.







O problema é que Férias do Barulho encontra seu chamariz somente em cenas de nudez, muitas delas até gratuitas, em que nada acrescenta no roteiro pífio. As confusões armadas pelos roteiristas mostram certa incapacidade de criar situações divertidas e apela pra nudez para arrancar risos da plateia, o que consegue com certo esforço deste que vos fala. E tanto Johnny quanto Rob aparece pelados em duas cenas memoráveis.









A primeira envolve Deep, achando que uma hospede, loira peituda (Leslie Easterbrook, a sargento Callahan da série Loucademia de Policia) com quem ele e seu amigo Ben estavam flertando à beira da piscina, tinha deixado cair a chave do seu quarto de propósito para eles terem um encontro amoroso no seu quarto. Ele se esconde pelado dentro de um closet a fim de fazer uma surpresa, mas na verdade quem chega antes é o marido desta chamado de Maestro (Hector Elizondo), um mafioso que ao encontrar o amigo dele na sala, pensa ser seu cabeleireiro chamado por sua esposa para cortar seu cabelo.







A segunda e pra mim a mais engraçada cena do filme já envolve Rob Morrow, ele e Shirley (Hilary Shepard)  seguidora de um guru chamado Baba Rama Nana começam a cultuar sua imagem, detalhe pra pintura engraçadíssima do tal Deus espiritual, e ela pede pra que amos fiquem nus a fim de o Baba possas libertar eles, claro que a situação não termina bem e temos mais uma cena de humor pastelão, talvez a mais engraçada de todo filme.










Curiosamente essas cenas e outras situações de insinuação de sexo, closes quase que ginecológicos e uso de drogas foram exibidas sem cortes nas três vezes que o SBT exibiu no Cinema em Casa. A primeira vez em 1988 no horário noturno e a segunda e terceira vez já durante a década de 90 no horário da tarde.  Naquele período como não havia certa vigilância dos conteúdos de programas, filmes e novelas, era comum que cenas de nudez e insinuação sexual fossem exibidos tranquilamente, com exceção do horário da manhã, que possuía uma programação segmentada direcionada às crianças, o horário vespertino podia abrigar esses conteúdos com certa neutralidade, apesar da emissora ser pioneira nesse quesito.











Claro que tais cenas jamais seriam exibidas nesse horário nos dias de hoje, por isso o filme encontraria certa dificuldade para ser exibido na TV aberta e estranhamente na TV a Cabo, onde o filme em nenhum momento foi exibido até o momento mesmo tendo uma infinidade de canais onde  pode ser apresentado em qualquer horário, Férias do Barulho ficou relegado a um lançamento em DVD em 2006 sem extras como fotos de bastidores, making off por exemplo, contendo apenas o material digitalizado e remasterizado com áudio de Dolby Digital.







Chega ser divertido ver Johnny Deep num papel bem diferente dos outros tipos que ele viria encarnar em seus trabalhos posteriores, acredito que ele tenha certa vergonha alheia deste trabalho em especial já que em nada acrescentou na sua vitoriosa carreira. Chega ser banal afirmar que Deep poderia como tantos outros ter estagnado sua carreira num filme de comédia nonsense onde apelar para corpos desnudos era prato cheio para garantir ou não na maioria dos casos num estouro de bilheteria, o filme conseguiu arrecadar ao todo cerca de $370 mil dólares só nos Estados Unidos, mas Férias do Barulho é apenas a amostra de como o cinema evoluiu ao longo do período.






 Não é de fato um grande filme, nem teve a intenção de ser, mas cumpriu seu papel no meio de tantos outros. Uma diversão descartável com um astro de Hollywood em ascensão que provou no fim das contas que ele não era apenas um rostinho bonito e que tinha talento de sobra.







Fontes de Pesquisa:

sites:
www.imdb.com
www.adorocinema.com

imagens:
Fotos de cenas do filme "Férias do Barulho" retiradas de arquivo pessoal. Todos direitos reservados à Tristar Films Corp.

videos:
www.youtube.com

Comentários

  1. Quando se viaja no tempo da saudade sem nenhum resquício de negatividade. Senti isso ao ler essa postagem.
    Era, para as crianças curiosas , filme proibido que por isso era visto com entusiasmo. Aos oito anos vi e me diverti, achava engraçado.Nas reprises vespertinas já não achava mais graça nem mesmo nas cenas de nudez, pois o pr´prio SBT, nessa faixa de horário, exibia cenas mais picantes e até o famoso termo genitália desnuda.
    Ótima postagem Tião :-)

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    1. Ramis obrigado pelo carinho e visita, que bom que vc gostou. Mto feliz e honrado com sua presença nesse humilde espaço. Com carinho.

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