MOFISTA 2 ANOS: ESPECIAL GERALDO VIETRI (PARTE 2)

Para ler a primeira parte do especial sobre a vida e obra de Geraldo Vietri, leia aqui.





PARTE 2

Com a Tupi passando por uma crise financeira, que impossibilitava a importação de textos estrangeiros, Cassiano Gabus Mendes dá o sinal verde para que Vietri produzisse textos originais. E assim a primeira novela com texto brasileiro: Os Rebeldes, em 1967. Encabeçado pelas atrizes Ana Rosa e Guy Loup, a trama mostrava os problemas e transformações da juventude daquele período. Os Rebeldes lançou novos atores que construiriam carreiras de sucesso na televisão, como Tony Ramos, Denis Carvalho, Ademir Rocha e Ana Maria Dias.





Entre 1968 e 1969 Vietri viveu sua fase de ouro na Rede Tupi. É nesse período que começa as sagas dos imigrantes que iriam consolidar seu estilo marcante, mostrando tipos humanos, baseado em suas memórias de infância. Começou com Antônio Maria, que estreou em julho de 1968, uma homenagem aos imigrantes portugueses ajudaram a construir o Brasil. Em pouco tempo, a novela se tornou campeã de audiência no horário das 19h30, por apresentar uma história sem mocinhos e nem bandidos, onde todos os personagens viviam seus dramas particulares sem se prenderem ao casal de protagonistas. Antônio Maria se tornou o embrião na estrutura narrativa da telenovela, que passaria por uma modernização radical com Beto Rockfeller (1968-69), de Bráulio Pedroso.











Depois do estrondoso sucesso de Antônio Maria, Vietri praticamente emendou uma trama na outra. Enquanto finalizava a história do chofer português, iniciava a saga do italiano Nino, uma açougueiro que sonha em prosperar na sua profissão e trazer para o Brasil o restante de sua família. Com Nino, o Italianinho, Vietri focaliza a vida humilde e atribulada de uma modesta vila suburbana de São Paulo, onde vivem seis famílias da colônia italiana. O papel principal ficou com Juca de Oliveira. Juca que havia recém – chegado de uma viagem à Itália, impressionou Vietri com sua maneira de falar e seu sotaque.










O próximo trabalho de Vietri, A Fábrica, era uma novela que tratava da luta do operário por melhores condições de trabalho e de salários. De volta, o par romântico que havia feito sucesso em Nino, o Italianinho: Juca de Oliveira e Aracy Balabanian. Após o encerramento de A Fábrica e sem ideias para uma nova história, Vietri estava dirigindo um teleteatro estrelado por Berta Zemmel. Sua figura, seus gestos, sua voz, seu talento dramático, prontamente sugeriram-lhe uma mulher dominadora, que tendo vivido à sombra do marido, se converte em uma autêntica matriarca. Nascia assim Vitória Bonelli.


Com um estilo simples, ele prosseguia a linha de histórias relacionadas com problemas e vivências da classe média baixa de São Paulo, abordando a saga de uma mãe e seus quatro filhos: Tiago (Tony Ramos), Mateus (Carlos Alberto Ricelli), Verônica (Ana Maria Dias) e Lucas (Flamínio Fávero).




Vitória Bonelli (1972-73) foi a última produção vitoriosa de Geraldo dentro da TV Tupi. As novelas que se seguiram, Meu Rico Português (1975), Os Apóstolos de Judas (1977) e João Brasileiro, o Bom Baiano (1978) marcaram a parceria do autor e diretor com o ator Jonas Mello que protagonizou as três obras. Enfrentando sérios problemas  administrativos e financeiros, a Tupi já sinalizava o fim de uma era para Vietri na emissora paulista. 













A Fase Globo e Bandeirantes: Olhai os Lírios do Campo, Dona Santa e A Casa de Irene (1980 - 1982)

Antes de encerrar suas atividades, a Tupi liberou Geraldo Vietri para a Rede Globo, para escrever sua única novela na emissora, Olhai os Lírios do Campo (1980), adaptação do romance de Érico Veríssimo. Para dedicar-se integralmente ao texto, Vietri iria escrever os capítulos, mas a direção ficaria a cargo de Herval Rossano, na época diretor de núcleo das novelas das seis. Seria a primeira vez, em 21 anos de Rede Tupi, que outra pessoa comandaria seu texto, o que o deixava aflito, uma vez que ele tinha um estilo próprio de dirigir seus atores em cena. Apesar do começo promissor, com elogios da imprensa, a incompatibilidade entre autor e diretor fez com que Vietri fosse dispensando antes da conclusão da história, que ficou a cargo de Wilson Rocha. 








Vietri não concordava com as interferências de Herval nas cenas e texto escritos por ele, o que complicou a relação entre dramaturgo e diretor. A passagem meteórica de Vietri na TV Globo não deixou lembranças marcantes. 

Em 1981, uma rápida passagem pela TV Cultura, onde adaptou o romance Floradas na Serra, de Dinah Silveira de Queiroz, que teve direção de Atílio Riccó. No mesmo ano, foi para Rede Bandeirantes, onde escreveu a série Dona Santa, vivida pela atriz Nair Bello, que contava as aventuras de uma mulher de meia idade, descendente de italianos, moradora do Bexiga e que trabalhava como taxista para sobreviver após a morte do marido. Em seguida vieram Renúncia, adaptação de um romance do espírito Emmanuel, psicografado por Chico Xavier. Um fracasso que foi encurtado após a exibição de 12 capítulos, devido ao Horário Eleitoral. Escreve outro seriado protagonizado por Nair Bello, A Casa de Irene, na qual a protagonista agora era dona de uma pensão e vivia rodeada de personagens e histórias divertidas.


















Próxima sexta: A fase Manchete: Santa Marta Fabril, Antônio Maria, o remake e o canto do cisne:as minisséries bíblicas.

Fontes de pesquisa:

Livro:
Geraldo Vietri : Disciplina é Liberdade. Vilmar Ledesma, Imprensa Oficial, São Paulo, 2010.

Sites:
www.teledramaturgia.com
http://memoria.bn.br/
blogrevistaamigaenovelas.blogspot.com

Imagens:
http://memoria.bn.br/
youtube.com




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