Olá mofãs!
A pergunta que não quer calar no texto dessa semana é: Quem tinha medo do Linha Direta?
O Linha Direta (1999 – 2007) foi exibido nas noites de quinta na Rede Globo e causou arrepios na galeria que acompanhava os casos apresentados no programa. É unanime a quantidade de comentários no Youtube de pessoas que assumem que tinha medo de assistir ao programa policial, seja pelas simulações de crimes que eram mostrados, seja pelo fato dos acusados estarem foragidos, o que causava pesadelos em muitos internautas. Por esses e outros motivos é que o Linha Direta marcou toda uma geração.
Foi apresentado inicialmente pelo repórter e jornalista Marcelo Rezende (1951 – 2017) entre os anos de 1999 e 2000, quando ele foi contratado pela Rede TV para apresentar o Repórter Cidadão e substituído pelo também repórter e jornalista Domingos Meirelles que ficou de 2002 até sua ultima exibição em dezembro de 2007.
As simulações eram sempre baseadas em depoimentos dos familiares e das vítimas, inquéritos policiais e das denúncias do Ministério Publico. A dramatização das histórias era mostrada no gênero docudrama, onde eram apresentados dois casos, mostrando a cobertura jornalística na ocasião em que os crimes ocorreram e seu processo de investigação. Eles eram narrados pelo locutor Márcio Seixas e posteriormente pelo ator Bruno Garcia.
Por ser exibido mais tarde era comum que as cenas de violência simuladas fossem bem próximas do real, isso quando não aparecia o retrato falado dos procurados daquele dia, o que por si só já era bastante assustador e era o que ajudava a aumentar ainda mais o medo de assistir o programa.
Eu que era adolescente na época da exibição ficava curioso e ao mesmo tempo com o medo, saber quais seriam os casos apresentados me fazia assistir ao programa com misto de fascinação e pavor, afinal mesmo sabendo que teria que na cozinha no meio da noite para beber água ou ir ao banheiro, sempre ficava com a impressão que estava sendo observado e que a qualquer momento poderia dar de cara com um dos foragidos que tinham acabado de aparecer, realmente era algo que me deixava com um pavor enorme, confesso.
Ao todo mais de 400 foragidos da justiça apresentados nos 9 anos de programa foram localizados e presos graças ao número de telefone disponível para ligação na época e pro e-mail disponibilizado pelo servidor da Globo, mas com o fim do programa não ficamos sabendo se houve a resolução de outros casos, ou se os acusados de crimes foram presos ou continuam soltos, como dos dois retratos falados acima e nas duas fotos na fileira da imagem abaixo.
O que infelizmente nos deu a certeza do programa não iria retornar a grade da emissora, apesar dos inúmeros pedidos de telespectadores e principalmente do Centro de Defesa dos Direitos Humanos, que chegou a enviar um abaixo – assinado solicitando a sua permanência. O motivo foi a proliferação dos jornalísticos similares produzidos por outras emissoras como o Cidade Alerta da Rede Record (atual Record TV), Brasil Urgente (TV Bandeirantes), Aqui Agora (SBT) que teve uma sobrevida nos anos 2000, e mais recentemente o Alerta Nacional que é produzido pela TV A Critica, com sede na cidade de Manaus e retransmitido para todo Brasil pela Rede TV com a apresentação de Sikêra Jr., todos eles apostando na apresentação de cobertura de crimes, mas por serem exibidos no horário mais cedo não possuíam a mesma força, simulações de cenas de crimes violentos, apesar do grande apelo popular junto ao público.
CURIOSIDADES
O Linha Direta já teve uma primeira fase que ficou no ar entre os meses de março a julho de 1990. O programa que foi apresentado pelo repórter e ex - deputado estadual Hélio Costa era inicialmente exibido nas noites de domingo, sempre após o Fantástico e devido ao horário eleitoral, foi remanejado para as noites de quinta, após o humorístico TV Pirata.
O programa foi realizado nos mesmos moldes dos programas sobre investigações policiais da TV norte americano como os America’s Most Wanted (Os Mais procurados da América), da TV Fox, o Unsolves Misteries (Mistérios não resolvidos) da rede NBC e o Crime Watch (Vigilante do Crime) da rede CBS.
No entanto o formato apresentado era completamente diferente do que foi produzido na segunda edição no ano de 1999, aqui o foco era tentar resolver os crimes mais famosos que abalaram o Brasil nas décadas passadas como o desaparecimento do menino Carlinhos em 1973, o assassinato de da líder da Rocinha Maria Helena de Misaque e Jatobá, do ecologista Chico Mendes, entre outros. A primeira fase do Linha Direta se encerrou em julho, devido à candidatura de Hélio Costa para governo de Minas Gerais.
A nova fase do programa estreou em 1999, com isso houve uma reformulação na grade da emissora, derrubando o Você Decide para depois do jornalismo policial e transferindo o humorístico Zorra Total para os sábados que era exibido às quintas. Com isso o Linha Direta estreou logo depois a exibição da novela das oito da época, Suave Veneno.
Aliás o retorno do Linha Direta aconteceu de uma forma bastante curiosa.Uma entrevista produzida e realizada pelo repórter Marcelo Rezende com o motoboy Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque e exibida no dominical Fantástico em novembro de 1998, foi uma espécie de piloto do que viria a ser o programa meses depois. Nessa entrevista foi apresentada simulações para dar veracidade de como aconteceram os crimes do serial killer que assustou a população de São Paulo.
Ironias do destino ou coincidências a parte, Marcelo Rezende e Domingos Meirelles estavam em emissoras opostas apresentando programas de investigações policiais, enquanto na Globo Marcelo estava à frente do Linha Direta, Meirelles apresentava na Record o Câmera Record, que apostava no mesmo modelo de reportagens apresentadas na concorrente. Curiosamente quando o Marcelo Rezende foi contratado pela Rede TV em 2002, foi Domingos Meirelles quem o substituiu na apresentação do Linha Direta.
Uma nova entrevista de Marcelo Rezende com Francisco de Assis Pereira aconteceu no Repórter Record em junho de 2016. Nessa segunda entrevista Marcelo foi mais intimista e diferente da matéria exibida pelo Fantástico em 1998, conseguiu de Francisco detalhes mais chocantes de como cometeu os seus assassinatos. Num dos momentos mais memoráveis da matéria, Marcelo questiona Francisco se os crimes que ele cometeu tivesse ocorrido com sua mãe ou irmã, e ouviu dele a resposta que deixou repórter em silêncio: "E se eu fosse o seu filho?"
Segundo a coluna Caderno B do Jornal do Brasil de 26 de agosto de 2000, chegou existir um namoro da alta cúpula da TV Globo no apresentador José Luis Datena para que ele assumisse a apresentação do programa, mas ele que tinha contrato com a Record até o ano de 2003 continuou na emissora onde ele apresentava o Cidade Alerta.
A última alteração no horário de exibição do programa aconteceu em abril de 2003, quando o seriado A Grande Família, que desde sua estréia em março de 2001 era veiculado após o Linha Direta, teve sua exibição remanejada para ser exibido após a novela das oito, para continuar mantendo os altos índices de audiência dela, o que acabou por deixar deixando o jornalístico para mais tarde.
Foi a partir de 2003 também que a cada última quinta - feira de cada mês, o Linha Direta fazia edições especiais: o Linha Direta Justiça, que abordava os crimes que abalaram o Brasil em décadas passadas como o Sequestro do Menino Carlinhos, o caso Van Lou, Doca Street, o naufrágio do Bateau Mouche, entre outros. Vale destacar a presença de atores e atrizes na encenação desses programas especiais. Destaco a atuação das atrizes Adriana Londoño (Ângela Diniz) no caso Doca Street, Zezé Polessa que viveu a estilista Zuzu Angel, Claudia Provedel que interpretou Dana de Teffé e Alice Borges que viveu Neyde Maria Maia Lopes, a Fera da Penha, incluindo também a atriz Denise Del Vecchio que interpretou a atriz Yara Amaral, uma das vítimas do naufrágio do Bateau Mouche, no réveillon de 1988, que foi um dos temas do programa.
E o Linha Direta Mistério que abordava casos que aconteceram em décadas passadas e que permanecem sem solução até o dia de hoje como o Incêndio do Edifício Joelma que aconteceu em São Paulo em 1974, A Operação Prato em 1977 no norte do Pará e os casos de experiências de quase morte (EQM).
Por fim a Globo Marcas lançou no mercado o livro "Crimes que Abalaram o Brasil" e os DVD's "A Maldição do Edifício Joelma e outras histórias misteriosas", "As cartas de Chico Xavier e outras histórias misteriosas" e "Linha Direta: Justiça".
Fontes de pesquisa:
Sites:
direitonamidia.blogspot.com
memóriaglobo.com
redeglobo.globo.com
acervo.oglobo.globo.com
memoria.bn.br
Imagens:
youtube.com
mercadolivre.com
Nossa eu admito que morria de medo!
ResponderExcluirConcordo que o programa deveria voltar a ser exibido pois era uma utilidade pública, como você bem colocou no texto. A Rede Globo alcança praticamente cada pedaço desse Brasil, o que seria ideal para auxílio de tantas famílias que clamam por justiça!
Adoro seu blog!
Beijos.