#mofista24: "Somos Todos
Irmãos": a primeira novela espírita
por Douglas Oliveira
"Espelho da Vida", o atual folhetim das 18h, é uma
novela espírita que utiliza abordagem lúdica em sua temática, com elementos de
fantasia. O subgênero agrada aos telespectadores, e não é de hoje. Desde a
exibição da primeira versão de "A Viagem" (1975), o público se
encantou e já acompanhou diversas histórias que abordavam reencarnação,
fenômenos espirituais e amores que ultrapassam as barreiras da vida, como
"O Profeta" (1977-2006), "Alma Gêmea" (2005), "Escrito
nas Estrelas" (2010), "Além do Tempo" (2015), entre outras.
Mas o que poucas pessoas sabem - e eu me incluía nesse grupo - é
que a trama de Ivani Ribeiro, exibida pela Tupi na década de 70 (e que
ganhou remake pela Globo em 1994), não foi a novela pioneira
no tema.
Em 1966 a mesma Tupi levou ao ar a novela "Somos Todos
Irmãos", escrita por Benedito Ruy Barbosa e dirigida por Wanda Cosmo.
A trama se baseava no romance "A Vingança do Judeu" (1890), ditado
por J. W. Rochester e psicografado por Vera Kryzhanovskaia.
Patrocinada pela Colgate-Palmolive, inicialmente, a adaptação de
"A Vingança do Judeu" seria escrita por Walter George Durst, mas os
patrocinadores (que na época eram os responsáveis pelas novelas) não se
agradaram do texto apresentado, julgando-o como anti-semita; e ainda exigiram
que a novela fosse ao ar com título diferente do romance. Assim, estreante no
gênero, o autor Benedito Ruy Barbosa assumiu o texto da novela, já com o título
"Somos Todos Irmãos" e sob uma nova perspectiva (XAVIER, 2018).
Há registros na internet de que "Somos Todos Irmãos"
tenha estreado em 02 de maio de 1966 e finalizado no dia 24 de outubro do mesmo
ano, totalizando 151 capítulos. Certeza mesmo, só os meses de estreia e
encerramento. Exibida no horário das 20h, substituiu "Calúnia", de
Talma de Oliveira, e foi substituída por "O Anjo e o Vagabundo",
também assinada por Benedito Ruy Barbosa. Supõe-se que não houve reprises da
trama. E, até o momento, não ganhou uma nova versão.
A trama de “Somos Todos Irmãos” se desenrola na Hungria do século
XIX, e os protagonistas são Samuel Meyer (Sérgio Cardoso), um judeu, e Valéria
(Rosamaria Murtinho), uma jovem católica, filha do Conde Egon (Elísio de
Albuquerque). Samuel é apaixonado por Valéria, mas o fato de pertencerem a
religiões diferentes o impede de conquistá-la.
Quando a família da moça perde todos os bens, Samuel – que é
dotado de grande fortuna -, se compromete a quitar as dívidas da família, caso
Valéria aceite se casar com ele. A moça, a princípio, fica contrariada, mas
acata a decisão de seu pai em aceitar a oferta. Com o tempo, aos poucos Valéria
se apaixona por Samuel, devido ao caráter e a nobreza do rapaz.
Mas, durante um evento, Raul (Wilson Fragoso), um príncipe, se
encanta por Valéria e pede sua mão ao Conde Egon. Este, visando livrar a filha
do casamento com um judeu, aceita mesmo a contragosto de Valéria, que ama
Samuel. Arrasado, Samuel se enche de ódio e rancor, jurando vingança à família
da moça.
Por fim, Raul e Valéria se casam, assim como Samuel, que conheceu
Ruth (Guy Loup) – uma jovem de caráter duvidoso -, durante uma festa na colônia
judaica, e resolveu unir-se a ela em matrimônio. Coincidentemente elas
engravidam na mesma época e têm seus filhos no mesmo dia. Para colocar em
prática o plano de vingança, Samuel troca os bebês obrigando a família católica
a criar um menino judeu, enquanto cria a filha de sua amada.
Com o passar do tempo, os fatos comprovam a Samuel que a vingança
o torna cada vez mais infeliz. Já falecido, seu pai, Abrahão, surge em espírito
e revela a existência da vida após a morte. Então, Samuel passa a conhecer o
espiritismo e a enxergar a vida de uma nova maneira. A partir daí, tenta
reparar seus erros em busca do perdão, movido pela chance de uma nova vida.
. . .
Primeira novela da carreira de Benedito Ruy Barbosa, “Somos Todos
Irmãos” foi um grande sucesso, mas curiosamente não é lembrada. Talvez isso
ocorra pela falta de registros, pois além das informações contidas em sua
página no Teledramaturgia, na internet é possível encontrar apenas algumas
fotos e imagens de capas de revistas da época. Nada mais. Apesar disso, todo o
material garimpado foi o suficiente para que eu me entusiasmasse pela trama –
até adquiri o romance que a originou!
Passei a conhecer “Somos Todos Irmãos” através de uma pesquisa
sobre as novelas espíritas e confesso que fiquei bastante surpreso. Afinal,
para mim “A Viagem” tinha sido a primeira novela a apresentar o tema na
televisão brasileira. Mas, sem dúvidas, a trama de Ivani Ribeiro foi a grande
responsável pela popularização da temática no gênero. E por isso seja a
referência mais clássica.
Não compreendo o fato de não haver versões atualizadas de “Somos
Todos Irmãos”, uma vez que a mesma possui grande potencial para alcançar o
público da atualidade. Além das características tradicionais de um bom e velho
folhetim, toda a atmosfera espírita que se desenvolve ao longo do enredo
certamente seria um atrativo a mais para os amantes de uma grande história.
Douglas Oliveira é taurino, estudante de Administração e Secretário Escolar. Nascido em 1994, adora livros, dramaturgia, artes em geral. É autor do blog Vento Norte.
Fontes de pesquisa
Sites:
Imagens:
revistaamigaenovelas.blogspot.com
Sites:
XAVIER, Nilson. Somos Todos
Irmãos. Teledramaturgia, 2018. Disponível em <http://teledramaturgia.com.br/somos-todos-irmaos-tupi/>
Acesso em 10 dez. 2018.
revistaamigaenovelas.blogspot.com
revistaamigaenovelas.blogspot.com
www.mercadolivre.com.br
Muito bom.
ResponderExcluirMerecia um remack
Tenho certeza que teria audiência.
Parabéns, Douglas.
Parece ser uma novela bastante interessante
ResponderExcluirMuito bom!
ResponderExcluirParece bem interessante
Parabéns Douglas!!
Obrigado ao amigo, Sebastião, por ter a honra de participar das comemorações do 1º ano do #Mofista. Um grande privilégio! Grato!!
ResponderExcluirEu que fico lisonjeado por ter aceitado meu convite e por abrilhantar com seu texto esse humilde blog.
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