OS 20 ANOS DO REMAKE DE PSICOSE 1998 - Parte 1

#Mofista11: A origem do horror no cinema e o começo da refilmagem de Psicose.





Olá amigos mofistas.




Lançado em dezembro de 1998 nos cinemas americanos e no Brasil no inicio do ano seguinte, o remake de Psicose dirigido pelo diretor Gus Van Saint irá completar 20 anos. Geralmente remakes de filmes famosos não chegam causar comoção, uma vez que esses filmes sucumbem a ficar `
a sombra do original.




O que me espanta é justamente o fato desse filme ser ignorado pelo grande público e até esquecido tanto pela TV aberta, se não me falha a memória ele foi exibido uma única vez na Globo, no Supercine, sessão de filmes que a emissora exibe os filmes menos tarimbados do cinema e principalmente na TV paga onde a quantidade de canais destinados à exibição de filmes é variada e talvez nunca teve alguma chance de retorno ao público.



Por isso resolvi fazer essa postagem especial trazendo os bastidores desse filme, algumas curiosidades e uma pequena analogia do cinema de horror nas últimas décadas. Sobre essa analogia, se fez necessário para que o leitor compreenda não somente as diversas fases que o gênero passou, suas variações e transformações e sim para situar o momento no qual essa refilmagem chegava, momento esse considerado por muitos críticos como o buraco negro.



Espero que gostem e logo sai a segunda e definitiva parte do texto. Boa leitura!



Antecedentes

O cinema de horror sofria uma forte crise na primeira metade dos anos 1990, desde seus primórdios isso no final do século XIX, o gênero que passou por diversas transformações ou ciclos ao logo das décadas, desde o primeiro filme de horror dirigido por George Méliès, The Haunted Castle de 1896,que durava apenas dois minutos de duração já era possível apresentar o grande público a luta do homem comum e suas assombrações e temores da virada do milênio.



Após a Primeira Guerra Mundia, o Expressionismo Alemão surge como o representando europeu do gênero com títulos como O Gabinete do Dr. Caligari (1920) e A Morte Cansada (1929) que traziam em suas imagens as vertentes artísticas da deformação da realidade e dos filtros. Influenciados por esse gênero, a Universal crescia com seus monstros e icônicos e com sua fotografia preto em branco  inspirados na literatura gótica e e romântica,como Frankstein e Drácula ambos de 1931, Lobisomem de 1941. 










Com o fim da Segunda Guerra monstros gigantes surgem por todos os lados, numa resposta clara ao uso indevido de armas nucleares como as bombas de plutônio e urânio lançados pelos americanos nas cidades de Hiroshima e Nagasaki e de possíveis ataques entre os estados Unidos e a União Soviética na Guerra Fria. Godzila (1954) é o maior representante desse gênero. No entanto novos estúdios surgem como a Hammer que resolveu reinventar os filmes de monstros, usando e abusando das cores e do erotismo, esses filmes traziam nomes que ficariam marcados como grandes estrelas desse estúdio como Peter Cushing e Christopher Lee ( Banquete da Morte, 1963) e George Romero explora o subgênero dos zumbis com o revolucionário A Noite dos Mortos Vivos de 1968 e que posteriormente seria explorado até sua exaustão sendo redescoberto anos depois em séries de TV como The Walking Dead.








Na áurea dos anos 70 a cultura hippie,os ventos de liberdade, a Guerra do Vietnã e o escândalo Watergate trazem produções cruéis desse período, mais conhecido como filmes do subgênero  exploitation e snuff, filmes onde supostamente as pessoas envolvidas eram cruelmente assassinadas na frente das câmeras, muito provavelmente inspirado na lenda urbana que se criou em torno da morte da atriz Sharon Tate pelos seguidores de Charles Mason que teriam filmado esse crime. Títulos como Aniversário Macabro (Wes Craven, 1972), Amargo Pesadelo (John Boorman, 1972), O Massacre da Serra Elétrica (Tobe Hooper, 1974), o controverso e proibido em vários países Snuff (1976) e Quadrilha de Sádicos (Wes Cravem, 1977) são os títulos mais memoráveis dessa fase.







Os anos 80 chegaram e com eles vieram o ciclo sobre filmes canibais italianos como os ultra violentos Canibal Holocaust (Ruggero Deodato, 1980) e o igualmente sádico Canibal Ferox (Umberto Lenzi de 1981) os  produtores americanos resolveram apostar em filmes mais familia, outro subgênero que deslanchou nessa época foram os slasher movies, filmes onde o assassino mata vários personagens, em sua maioria adolescentes e que sempre é vencido na maioria das vezes por uma mulher. Nesse filão aparece novos ícones do terror como Jason da série Sexta- Feria 13, a partir do segundo filme, isso porque o primeiro de 1980 trouxe como assassina a mãe dele Pâmela, Freedy Krueger de A Hora do Pesadelo de  Wes Craven em 1984, Chuck de O Brinquedo Assassino de 1987, Michael Mayers de Halloween (John Carpenter,1978) e Leatherface que deu continuidade à carnificina com sua serra elétrica. Além dos fantásticos Alien cujo primeiro filme foi lançado em 1979 e Um Lobisomem Americano em Londres de 1981 que aproveitaram o advento dos efeitos especiais e que traziam uma nova realidade ao cinema.






Já a década de 90, a primeira metade dela foi marcada por continuações a maioria em sequencias desnecessárias evidenciando a falta de criatividade em roteiristas na arte de matar. Os assassino em séries continuavam, mas em produções mais requintadas como o oscarizado Silêncio dos Inocentes de 1991 e Seven, os Sete Pecados Capitais de 1995, produções que valorizavam mais o thriller psicológico em detrimento do horror e carnificina apresentados anteriormente.



Mas Wes Craven aparece com Pânico, um filme que retoma o estilo mata-mata dos década de 80 numa espécie de tributo ao slasher que havia saído de moda até então e trazendo um novo assassino serial,o Ghostface . Pânico pode não ter sido a salvação da lavoura, mas  como não podia deixar de ser foi um sucesso de público e critica e se não foi um sopro de originalidade, ele deu margem a novos filmes que se baseariam nessa mesma fórmula de sucesso: Eu Sei O Que Vocês Fizeram No Verão Passado (1997) e Lenda Urbana (1998), são os filhos bastardos, todas com várias continuações e variações nos seus estilos, mas trazendo um novo público que até então torcia nariz pra esse tipo de filme ou que não tinha mais esperanças de novidade no gênero.





É nesse cenário que Gus Van Saint resolve que era a hora desse novo público ter uma nova visão do assassino psicopata Norman Bates e ele resolve filmar uma nova versão do então cultuado clássico de Hitchcock: Psicose.


Os bastidores da refilmagem de Psicose.



Gus estava em alta em Hollywood, depois de um começo tímido na sua carreira ele havia se consolidado no rol dos grandes diretores após Gênio Indomável (1997) filme escrito por Matt Damon e Bem Afleck e estrelado por ambos e Robbin Williams ter sido indicado à 9 Oscars, vencendo na categoria de Melhor Ator para Robin e Melhor Roteiro Original para Damon e Afleck. Apesar de não ter levado o prêmio de diretor, sua indicação abriu portas para projetos mais ambiciosos. E em busca de algo que o credenciasse para elite cinematográfica, talvez tenha sido dele a ideia de fazer uma nova versão de Psicose, desta vez usando o que havia de mais moderno e com um diferencial que desta vez veríamos o filme a cores e não em preto e branco.





Para essa nova versão o diretor resolveu refazer o filme cena a cena do original de 1960. Chamou Joseph Stefano que assinou o roteiro do primeiro filme, baseado no livro de Robert Bloch para atualizar algumas cenas e falas e ainda aproveitou a trilha sonora composta por Bernard Herrmann, atualizada por Danny Elfman para deixar o filme mais fiel possível do que foi apresentado pela primeira vez.

Prestes a sua estreia em dezembro de 1998,o repórter do The Free Lance Star, Barry Kitnow perguntou à Janet Leigh a Marion Crane do primeiro filme o que ela achava dessa nova refilmagem de Psicose. Apesar dela tentar fugir desta pergunta, a atriz respondeu :



“Gus é um incrível cineasta, e tenho certeza que ele fará uma nova versão do filme. Essa seria a única razão para fazer um novo filme, para se colocar sua própria marca nele.”

No entanto,meses antes dessa entrevista ela havia dado uma declaração mais impactante e que ecoou na industria cinematográfica a deixando numa tremenda saia justa.

“Não haveria motivos para fazer uma refilmagem cena por cena do mesmo filme.”

A grande verdade é que esse projeto era segredo da Universal Studios. Muitos achavam que as intenções do diretor era criar uma nova história em cima do livro de Bloch, criando um novo Norman Bates afim de ganhar um novo publico, no entanto quando se descobriu que se tratava de uma refilmagem quadro a quadro muitos se decepcionaram e questionaram a necessidade desse filme. Van Saint garantiu que não iria estragar o trabalho do mestre e que ao colorizar o filme pensou no publico com menos de trinta anos odeia filmes em preto e branco e fez a célebre cena do chuveiro um pouco mais assustadora do que a original,pois segundo ele havia a necessidade que o público poderia entender melhor que o público da época de Hitchcock.



Por fim ele acreditava que existia uma boa razão para refazer o clássico, a de que o público jovem nunca tinha ouvido assistido ao filme original.

 Talvez o que o diretor não sabia naquele momento é que Psicose era considerado um filme bastante inovador do que qualquer outro feito nos últimos 40 anos e após tamanha expectativa em torno da sua estreia em dezembro de 98, os críticos foram bastante reticentes quanto sua produção. 





Continua na parte 2.

Referências:

MILLICI, Macelo. As tendências dos filmes de horror através dos tempos. www.omelete.com, 26/06/2015. Disponível em: https://omelete.com.br/colunistas/noticia/marcelo-milici-as-tendencias-dos-filmes-de-terror-atraves-dos-tempos/


Van Saint copia clássico - Estúdio ainda não liberou filme para críticos. psicosefans.blogspot.com,. Disponível em: http://psicosefans.blogspot.com/2014/11/van-sant-copia-classico-estudio-ainda.html



Fontes de pesquisa:

Sites:

psicosefans.blogspot.com
www.omelete.com.br
www.bocadoinferno.com
www.ocafe.com.br
www.imdb.com

imagens:

Google imagens
Miramax Filmes, Miramax Pictures (As fotos do filme Gênio Indomável)
Mptv images (As fotos de Psicose 1960)

Comentários

  1. Oi Tião*.
    Você não me conhece mais eu acompanho seu blog há um tempinho já. Queria te dizer que você é uma pessoa muito especial, lembre - se sempre disso. Você é forte, luta pelo que quer tá sempre de cabeça erguida atrás de seus sonhos e sem tirar o sorriso do rosto. Isso que é bonito de ver em você. A alegria que você tem dentro do coração. Eu sou sua fã sim, não tenho problema algum em dizer isso e me desculpa se esse meu sentimento te soa estranho mas é que você me inspira de alguma forma.
    Escreva, escreva muito. Conte histórias e inspire pessoas. Nunca se esqueça que o teu sonho é a coisa mais importante desse mundo. Tem que ser! Quando você estiver triste, quando te colocarem pra baixo se agarre em seus sonhos. Que você siga em frente sempre! Eu vou tá sempre torcendo por você, mesmo que de longe. Eu te amo, do fundo do meu coração ❤

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  2. Bianca obrigado pelas lindas palavras, eu estou sem saber o que dizer além de agradecer. Fico mto lisonjeado por ser uma fonte de inspiração para você. Obrigado do fundo do meu coração. Abraços Tião.

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