Bebê a Bordo e outros segredos da tresloucada história de Carlos Lombardi (Parte 1)


#Mofista 5: Os bebês de Bebê a Bordo.



"Eu queria uma novela que atingisse o emocional das pessoas e nada melhor do que um bebê para conseguir esse efeito". Carlos Lombardi em entrevista de 1988.

Olá amigos mofistas.



Exibida originalmente entre 13 de Março de 1988 até 11 de Fevereiro de 1989,Bebe a Bordo foi a segunda novela solo do autor Carlos Lombardi na Rede Globo. Com um humor escrachado,irreverente a trama se aproveitou dos ventos do fim da Censura do Brasil para usar e abusar dos diálogos ferinos, cheios de conotação sexual e até político.

No entanto não farei uma análise profunda da trama aqui isso deixo para os críticos, e existem muitos por aí,mas sim um parâmetro de como ela foi vista pela mídia na época de sua exibição. Algumas curiosidades, outras talvez nem tanto mas que irão enriquecer aqueles que assim como eu assistem sua reprise pelo Canal Viva,desta vez na íntegra já que sua única exibição no Vale a Pena Ver de Novo entre novembro de 1992 até março de 1993 foi de míseros 90 capítulos.

 Como o texto cresceu diante minhas pesquisas resolvi dividir essa postagem em partes para não cansar o leitor das minhas postagens. Então chega de papo furado e vamos para cápsula do tempo e embarquem nessa viagem maravilhosa.

OS PEQUENOS ASTROS.

Um dos trunfos de Bebê a Bordo sem sombra de dúvidas são alem das cenas de ação,dos diálogos inflamados e da trilha sonora chiclete repleta de sucessos da época é uma personagem que une todos os núcleos da história. A pequena Heleninha já passou por poucas e boas na trama,nasceu num banco de um carro no meio de uma avenida, já foi sequestrada,foi caiu do alto de uma escada junto da mãe Ana,enfim uma personagem apesar da pouca idade com grandes momentos de aventura e tensão algo que não ficou restrito somente ao elenco adulto. O que ninguém imagina foi o trabalho e os segredos para que tudo que foi ao ar com o máximo de perfeição.

Na matéria Astros do Berço da revista Veja de junho de 1988,Carlos Lombardi declarou que sua fonte de inspiração baseada no filme Arizona Nunca Mais,dirigida pelos irmãos Cohen lançado no ano de 1987 estrelado por Nicolas Cage e Holly Hunter e que trazia em seu enredo um casal que não consegue ter filhos e sequestram um dos filhos de um rico magnata e acabam descobrindo que não é fácil ser pais de uma criança.


Helen Hunt e Nicolas Cage em cena do filme Arizona Nunca Mais
Para transformar um bebê em astro da trama,no caso a personagem Heleninha, a produção da Globo se viu diante de situações inéditas para controlar o humor dos pequenos estreantes.Um exemplo foi a da pequena Karine Félix da Silva que na época tinha quatro meses. Ela participou das cenas tumultuadas do primeiro capítulo da novela no qual a motorista de ambulância Ana (Isabela Garcia) após assaltar um banco dá a luz no banco do carro de Tonico.

“Na maioria das cenas,ela estava dormindo”,disse a mãe de Karine, Nilza Cristina,no entanto durante as cenas do nascimento o bom humor da pequena não resistiu ao sol forte e ao acúmulo de curiosos na Avenida Faria Lima,uma das mais movimentadas de São Paulo, e ela desatou a chorar. Para concluir a gravação a produção providenciou dezenas de fraldas, latas de leite, mamadeiras e chupetas.





A pequena Karine,a primeira dos três bebês que interpretaram a Heleninha.

A substituta de Karine foi escolhida por acaso a atriz Carla Tausz apareceu na emissora para pedir emprego com a filha Adriana,de quatro meses no colo. Loirinha e sorridente ela conquistou a todos principalmente a direção da novela e foi contratada imediatamente para o papel gravando treze capítulos em apenas três semanas.Porém tanta fofura encostou num dilema,a pequena não conseguia chorar para isso a atriz Dina Sfat,que faz o papel de Laura, a avó de Heleninha revelou como fazia Adriana chorar.

“Tínhamos que deixá-la sozinha em um quarto e quando ela começava a abrir o berreiro gravávamos rapidinho”.
Adriana Tausz e sua mãe a atriz Carla Tausz


Mas devido ao avanço cronológico da história Adriana mostrava sinais de cansaço uma vez que as horas de mamar e dormir ficavam sujeitas as gravações. Já Beatriz Wurts Berter (Beatriz Bertu) que na época tinha apenas 10 meses teve um tratamento especial graças a uma sugestão de sua mãe, Elke Berter.



“Em vez de ficar horas no estúdio,fico esperando em casa assim uma hora antes de ser gravada a cena em que ela participa eles me chamam”,diz Elke. Em pouco tempo ela conquistou os atores e todos a cercam de cuidados,principalmente depois que ela arruinou a gravação de uma cena ao lambuzar roupas e cenários com uma reluzente e açucarada maçã do amor.



Ainda duas outras crianças,além das que estão no ar apareceram na novela como dublês substituindo Adriana e Beatriz quando estas estavam cansadas. Eles apareciam apenas a distância sem que se possa ver seus rostos. Um deles era um menino,Roberto,de 1 mês. Roberto vivia na Fundação Romão Duarte,uma creche que abriga crianças abandonadas e cede crianças para figuração em suas novelas. No entanto a Globo dependia de uma decisão do Juizado de Menores para que o menino pudesse continuar atuando na trama.

Em 2003 Vídeo Show no aniversário de 15 anos do último capítulo da novela reuniu Isabela Garcia e as duas "Heleninhas" Adriana Tausz e Beatriz Bertu para um bate papo sobre a trama. Um reencontro muito bonito e emocionante.







Aliás Adriana Tausz faria uma outra novela do Lombardi, Perigosas Peruas como filha dos personagens Cidinha e Belo (Vera Fischer e Mário Gomes) já Beatriz Bertu revelou que irá assistir pela primeira vez a novela pelo canal Viva uma vez que quando foi exibida sua reprise em 1992 ela ainda era criança.

Adriana Tausz como a pequena Zazá em Perigosas Peruas de 1992

Formada em atuação cênica pela Unirio e pela Casa de Artes Laranjeiras a atriz se dedica aos teatro e como assistente de direção. Alem disso fez participações nos filmes Divã (2009) e Bonitinha, Mas Ordinária (2013). Em entrevista ao site da Veja a atriz falou sobre os bastidores da novela. 

"Durante a novela fiquei muito doente. Gravávamos muito,cerca de 30 cenas por dia. Em um ano peguei quatro pneumonias. O dinheiro que ganhava era pouco, não conseguimos comprar nada. Não era como hoje em dia,em que a pessoa se torna uma personalidade,vende tudo."

Beatriz Bertu atualmente
Beatriz Bertu que ficou até o fim da novela conquistou de fato os telespectadores, chegando a estampar várias capas da revista Amiga e ainda teve a honra de estampar a contra capa da trilha internacional de Bebê a Bordo e estrelar o comercial do LP na TV.






Frames da Beatriz no comercial do LP Internacional da novela. Abaixo o comercial da trilha sonora 



Então é isso galera mofista espero que tenham curtido essas curiosidades e em breve venho a com a segunda parte dos segredos de bastidores da novela. E se você gostou do texto deixe seu comentário, divulgue pros amigos, nas redes sociais e aproveite eleiam as outras postagens porque esse conteúdo faço com muito carinho pra vocês.

Até a próxima!!!

Fontes de Pesquisa:

www.acervoveja.com
www.veja.com.br
www.teledramaturgia.com.br
www.memóriaglobo.com.br
www.imdb.com
www.adorocinema.com.br

Imagens

www.youtube.com 
revistaamigaenovelas.blogspot.com
www.acervoveja.com.br
www.veja.com.br
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Video

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